Mano De Piedra - Today's Ashes


O muito esperado (pelo menos para mim) álbum de estreia dos Espanhóis Mano de Piedra foi finalmente lançado no passado dia 21 de Outubro. “Today’s Ashes” foca-se na decadência da espécie humana e na sua viagem rumo à extinção.

Para quem ainda não os conhece (não vai ser por muito mais tempo), os Mano De Piedra são um quarteto Sludge de Vigo. Tive o prazer de os ter no meu evento “Iberian Rock Fest” onde deixaram uma mostra do seu poder em palco com uma atuação enérgica e irrepreensível; foi também esse um dos motivos que me fez aguardar ansiosamente por este registo, para perceber de que forma toda essa fúria seria passada para o trabalho de estúdio. É inegável que a banda pratica uma sonoridade muito própria; assentes numa base sludge onde já de si habitam as referências doom e hardcore, conseguem para além disso mesclar diversas influências cujo resultado se aproxima daquilo a que hoje em dia muitos chamam de “metal moderno”, um som com peso, melodia, groove e ritmo. Devido a esta junção de estilos, as músicas acabam por soar de forma independente prevenindo que o álbum apresente uma linearidade que se poderia tornar enfadonha. O álbum arranca ao som do single de estreia “Ancient Gods” cuja característica principal é a toada rítmica conseguida pelas 2 guitarras. Apesar do ritmo baixar em “Storm Of Axes” (mais para o fim arrebitam um pouco), continuam a ser as guitarras o foco das atenções. Mesmo só com 2 músicas já se pode perceber onde residem as características da banda; dupla de guitarras bastante audíveis onde o baixo também se faz notar, roubando um pouco do protagonismo da bateria pois são elas as condutoras do ritmo ao longo de todo o álbum. Outro pormenor que gostei muito é a adaptação do ritmo à letra/mensagem, como por exemplo em “We Are Sickness” onde na parte do refrão a música irrompe numa fúria punk ou em “The Rapture”, onde os breakdowns são condizentes com a raiva da voz. “The Damned” é a faixa que mais destaque dá à guitarra, talvez por isso seja a que tem o maior (e mais elaborado) solo; “Oroku” é a mais pesada e compassada, com uma toada lenta e triste. “Abyss Sleeper” e “Today’s Ashes” encerram este trabalho; é curioso que se repararmos bem nos títulos das faixas, parece haver ali uma “lógica temporal” onde se conta a história do Homem até aos dias de hoje, sendo que a faixa “Today’s Ashes” conta um relato apocalíptico, infelizmente demasiado próximo da nossa realidade atual.

O processo que levou até à saída deste álbum de estreia foi complicado e trabalhoso mas o resultado final é excelente. Quem não conhece a banda e escuta “Today’s Ashes” de princípio a fim não consegue deixar de notar a energia que dele emana, e só quem (como eu) já os viu em palco consegue perceber a força que são os Mano de Piedra. Mas não se preocupem, em breve terão oportunidade de os ver por cá; fiquem atentos.

\m/


The long-awaited (at least for me) Spanish band Mano de Piedra debut album was finally released last October 21st. “Today's Ashes” focuses on the decay of the human species and its journey to extinction.

For those who don't know them yet (it won't be much longer), Mano De Piedra is a Vigo based Sludge quartet. I had the pleasure of having them at my “Iberian Rock Fest” event where they displayed their power on stage with an energetic and impeccable performance; It was also one of the reasons that made me look forward to this record, to understand how all this fury would be passed on to studio work. It is undeniable that the band practices a very unique sound; laying on a sludge base where the doom and hardcore references already abide, they are also able to merge several influences which result in what is nowadays called “modern metal”, a sound with weight, melody, groove and rhythm. Due to this combination of styles, the songs end up sounding independently preventing the album from presenting a linearity that could become boring. The album kicks off to the debut single "Ancient Gods" whose main feature is the rhythmic tune achieved by both guitars. Despite the slow pace in “Storm Of Axes” (more to the end they do a bit of a kick), the guitars remain the focus of attention. Even with only 2 songs you can already see where the characteristics of the band reside; a pair of very audible guitars where the bass is also noticeable, robbing a little of the lead of the drums as they are the drivers of the rhythm throughout the album. Another detail that I really liked is the adaptation of the rhythm to the lyrics/message, for example in “We Are Sickness” where in the chorus part the song erupts in a punk rage or in “The Rapture” where the breakdowns are consistent with the anger of the voice. “The Damned” is the track that emphasis more the guitar, so maybe that's why she’s the one with the biggest (and most elaborate) solo; “Oroku” is the heaviest and most paced, with a slow and sad tune. “Abyss Sleeper” and “Today's Ashes” wrap up this work; it is curious that if you look closely at the titles of the tracks, there seems to be a “temporal logic” there that tells the story of Man to this day and the track “Today's Ashes” tells an apocalyptic account, unfortunately too close to our current reality.

The process leading up to the release of this debut album was complicated and laborious but the end result is excellent. Those who don't know the band and listen to "Today's Ashes" from beginning to end can't help but notice the energy that emanates from it, and only those (like me) that have seen them on stage can realize the strength that Mano de Piedra are. But don't worry, you'll soon have a chance to see them around here; stay tuned.

\m/

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