Carlos Maldito, mentor do projeto Mercic, foi também membro de outros projetos os quais entretanto deixou para se focar exclusivamente neste. Reunindo um leque de nomes (alguns já conhecidos, outros a despontar) do underground Nacional, deu assim forma ao novo lançamento singelamente intitulado “Mercic 5”.
Quem já conhece Mercic sabe que o foco principal da sua sonoridade é o industrial, mesclado com outros elementos/instrumentos que permitem, muitas vezes a par com as letras, a criação de músicas que não são de consumo fácil e imediato mas sim um olhar sobre a sociedade atual do ponto de vista do seu autor a par com alguma introspecção. Um dos aspectos que transitou do anterior trabalho foi a utilização do som característico da guitarra Portuguesa, agora num maior número de faixas, ajudando a criar uma identidade própria bem como criando oportunidade para um maior uso da língua Portuguesa, um dos pormenores que mais apreciei neste trabalho, seja em parte da música (“The Arrival Of The Signs”) ou na música completa (“A Mesma Pedra Que Se Incide Sobre O Passado, Constrói O Futuro”). Pareceu-me também que “Mercic 5” se apresenta mais experimental com algumas variações de intensidade, onde as faixas soam de forma independente sem uma ligação orgânica entre si apesar de algum equilíbrio ao longo do álbum; e pesado, onde as guitarras se fazem sentir com mais peso, ora pela cadência impressa ora pela sonoridade mais forte.
Para este lançamento, Carlos convidou músicos que colaboraram em quase todas as músicas e nas mais variadas funções. Um deles foi o Brasileiro Carlos Lichman, guitarrista/professor de guitarra que tem vindo a ter mais destaque na cena, não só pela sua participação neste projecto como também noutros; aqui ficou a cargo das guitarras em “Reborn” e “The Time Is Now”. Um dos que mais contribuiu nas guitarras e sintetizadores foi César Palma (“The Moorings”, “There’s No Winning Without Losing Something”, “Infinite Days Dipped In Doubt”), tendo ainda emprestado a sua voz para o coro em “Reborn”. Outros nomes que colaboraram neste trabalho foram Miguel Ribeiro (letra em “Reborn”), Jorge Caldeira (poema em “The Arrival Of The Signs”), Carlos Ferraz (voz em “Infinite Days Dipped In Doubt”) e Paulo Dimal (piano em “The Time Is Now”). Para além destes a própria família de Carlos colaborou diretamente; Sandra Félix, esposa de Carlos, colaborou na arte-de-capa do álbum; para além disso escreveu a letra para e cantou o tema “Bound To You”. E “como de pequenino se torce o pepino”, também o mais recente membro da família se faz ouvir em “The Arrival Of The Signs”. As duas faixas que mais gostei foram “Reset”, pelo seu experimentalismo jazzístico bem pelo som da guitarra (Miguel Tereso) e bateria, e “The Time Is Now” pela sua toada mais bluesy.
Carlos tem mantido uma cadência de lançamentos anuais desde o primeiro “Mercic” em 2015. Ao longo destes 5 trabalhos o músico mostrou uma vasta abrangência de estilos assentes numa base industrial/electrónica, fruto não só das suas influências como também dos músicos que o têm acompanhado neste percurso. A aposta num estilo “livre” e “maleável” dá-lhe a possibilidade de uma maior longevidade ao projecto. O futuro o dirá, para já temos “Mercic 5” para consumir.
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Carlos Maldito, Mercic’s project mentor, was also member of other projects in the meanwhile abandoned so he could focus only on this one. Gathering some names (some known, others emerging) on the National underground, this way he gave form to its newest release simply called “Mercic 5”.
Those who already know Mercic know that its main sonority is industrial, blended with other elements/instruments that enable, sometimes along with the lyrics, the creation of musics that aren’t easily listenable but instead a look on today’s society from the author’s point of view, along with some introspection. One of the aspects that transited from the previous work was the use of Portuguese guitar characteristic sound, now used in more tracks, helping to create an unique identity as well as creating the opportunity to a bigger use of the Portuguese language, one of the details I most appreciated in this work, weather in part of a song (“The Arrival Of The Signs”) or in full (“A Mesma Pedra Que Se Incide Sobre O Passado, Constrói O Futuro”). It also seemed to me that “Mercic 5” presents itself more experimental with some intensity variations where the tracks sound more independent without any organic connection between them despite some balance along the album; and heavier, where the guitars are felt with more weight, being for the imprint speed or the strong sonority.
For this release, Carlos invited musicians who collaborated in almost every songs and in the most various roles. One of them was Brazilian Carlos Lichman, guitar player/professor whose been having an increasing role in the scene, not only for its collaboration in this project but also in others; here he was in charge of the guitars in “Reborn” and “The Time Is Now”. One that most contributed to guitars and synths was César Palma (“The Moorings”, “There’s No Winning Without Losing Something”, “Infinite Days Dipped In Doubt”), who also lend his voice to the chorus in “Reborn”. Other names that worked in this album were Miguel Ribeiro (lyrics in “Reborn”), Jorge Caldeira (poem in “The Arrival Of The Signs”), Carlos Ferraz (vocals in “Infinite Days Dipped In Doubt”) and Paulo Dimal (piano in “The Time Is Now”). Besides these ones even Carlos’ family contributed directly; Sandra Félix, Carlos wife, worked in the album’s art cover; besides that she wrote the lyrics and sang the song “Bound To You”. And as the old saying goes "best to bend while it is a twig”, the youngest family member made himself heard in “The Arrival Of The Signs”. the two tracks I enjoyed the most were “Reset” because of its jazzy experimental ism, the sound of the guitar (Miguel Tereso) and drums, and also “The Time Is Now” because of its bluesy pace.
Carlos has been keeping an annual release rhythm since the first “Mercic” in 2015. Throughout this 5 years the musician has shown a wide coverage of styles rooted on a electronic/industrial base because not only of his influences but also the ones of the musicians that have been accompanying him in this journey. The bet in a “free” an “adaptive” gives the project a chance of a longer longevity. The future will tell, for now we have “Mercic 5” to consume.
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