Moonshade - Sun Dethroned


Há quatro anos atrás fui convidado para uma viagem que me iria levar através de hipnotizantes paisagens musicais. Desta vez, decidi arriscar aventurar-me sozinho e parti à descoberta do novo conto que os Moonshade nos trouxeram.

Como em qualquer história, o início é reservado à apresentação das personagens que nos vão acompanhar. Aqui temos o Deus do Nada (“God Of Nothingness”) e Lenore (“Lenore”), um casal de opostos cujo equilíbrio permite uma relação de amor genuíno (“The Flames That Forged Us”) que é a base da sua história. Infelizmente esta história de amor rapidamente se transforma numa tragédia, ao ritmo de uma toada mais triunfal (“Sun Dethroned”), se bem que isso não signifique algo positivo. Desde logo percebemos que este será o ponto inicial do triunfo do Mal sobre o Bem, onde a personagem sucumbe ao desgosto de perder a sua amada. Com o desgosto a crescer dentro de si, ao Deus do Nada apenas ocorrem sentimentos de vingança e raiva provocados pela perda da sua amada (“Upon Your Ashes”). O desgosto arrasta a personagem por diversas fases agonizantes onde é inevitável o sentimento depressivo de solidão e abandono (“World Torn Asunder”), levando-a depois a um estado de morbidez mental que a puxa para um declínio emocional (“Eventide”). Esse abatimento emocional na maioria dos casos leva a uma letargia que só encontra solução no frio abraço da morte (“A Dreamless Slumber”).

Com uma estrutura conceptual que versa sobre o Bem e o Mal (aqui focado no interior de cada Ser mas perfeitamente extensível a uma maior abrangência social e humana), os Moonshade deixam a mensagem de que a nossa existência passa pelo equilíbrio entre estas duas qualidades éticas, aqui personificadas pelas personagens “Lenore” (Bem) e “Deus do Nada” (Mal), bem como as consequências resultantes de um desequilíbrio que neste caso foi fruto de uma grande perda emocional.

A nível musical, este álbum de estreia está no seguimento do EP “Dream | Oblivion” mantendo-se dentro do death melódico a que já nos habituaram; a maior diferença prende-se com uma sonoridade mais próxima do folk/épico, com uma ligeira tendência para um menor uso da parte sinfónica (entenda-se sintetizadores/teclados) e uma maior projecção das guitarras. Apesar da temática triste, conseguiram criar um álbum que musicalmente soa alegre quando o mais óbvio seria uma derivação para o melancólico. Mantendo uma toada constante foram aplicando ligeiras variações de intensidade e uma ou outra vocalização limpa, tudo isto contribuindo para enriquecer a história. Se dúvidas houvessem de que estamos na presença da [quem sabe] melhor banda Portuguesa de death melódico, o percurso musical da banda (onde também se inclui o trabalho a solo de Daniel Laureano “A Constant Storm”) fala por eles.

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Four years ago I was invited to a journey that would lead me through mesmerizing musical landscapes. This time I’ve decided to take my chances and parted alone on the discovery of this new tale Moonshade brought us.

As in every story the beginning is meant to present us the characters that will accompany us. Here we have the God Of Nothingness (“God Of Nothingness”) and Lenore (“Lenore”), a couple of opposites whose balance makes it possible to attain a true love relationship (“The Flames That Forged Us”) which is the base of their history. Unfortunately this love story soon transforms into a tragedy, at the pace of a more triumphal tune (“Sun Dethroned”), although that doesn’t mean something positive. Therefore we perceive this would be the point where Evil triumphs over Good, where the character succumbs to the grief of losing its dearest love. With that grief increasing inside itself, to the God Of Nothingness occur only feelings of revenge and rage due to the loss of his loved one (“Upon Your Ashes”). Grief drags the character through different agonizing phases where it’s inevitable the depressing feeling of loneliness and abandonment (“World Torn Asunder”), taking here afterwards into a morbid mental state that pulls her into an emotional decline (“Eventide”). That emotional depression in most cases leads to a state of lethargy that finds only solution in the cold embrace of death (“A Dreamless Slumber”).

With a conceptual structure that speaks about Good and Evil (here focused on the inner Self of each character but perfectly extendable to a wider social and human coverage), Moonshade leave the message that our existence is based on the balance between this two ethical qualities, here personified by the characters “Lenore” (Good) and “God Of Nothingness” (Evil), as well as the consequences resulting from an imbalance which in this case was due to an emotional loss.

Musically speaking, this debut album is on the line of the EP “Dream | Oblivion”, keeping within the melodic death metal specter they’ve already used us to; the biggest difference relates to a sonority closer to folk/epic with a slight decrease in the use of the symphonic part (by this I mean synths/keyboards) and a bigger projection of the guitars. Although the sad theme they’ve managed to create an album that musically sounds cheerful when the obvious would be to derive into melancholic. Maintaining a constant pace there applied several slightly variations in intensity and one or another clean vocal, all of this contributing to further enrich the history. If there were still any doubts that we’re in the presence of [who knows] best Portuguese band playing melodeath, the band musical path (where is also included Daniel Laureano’ solo work “A Constant Storm”) speaks for themselves.

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