North Music Festival 2019


Decorreu no passado fim-de-semana a terceira (segunda realizada no edifício da Alfândega do Porto) edição do North Music Fest (NMF). A edição deste ano trouxe com ela algumas alterações, de onde destaco o segundo palco pelo qual passaram algumas sonoridades interessantes.

Palco Principal

O evento começou ao som do hip-hop/soul dos Expensive Soul. A banda está a celebrar os seus 20 anos de carreira e aproveitou o facto de praticamente estar a “jogar em casa” e perante um grande número de fãs para mostrar um pouco do que tem sido o percurso da banda. Não faltaram temas como “O Amor é Mágico” ou “Dou-te Nada”, bem como alguns mais recentes como “Amar é Que é Preciso”; houve tempo também para os fãs escutarem temas novos. Dos Balcãs veio o punk cigano de Emir Kusturica and The No Smoking Orchestra que, dois anos depois da sua última presença em solo nacional, trouxeram ao público do Porto temas retirados das bandas sonoras dos seus vários filmes (e não só). Com a Pantera Cor-de-Rosa a marcar os tempos entre músicas, Kusturica mostrou bastante vitalidade apesar dos seus 64 anos, fazendo ainda um périplo pelo meio do público numa das suas músicas. Os Britânicos Bush eram a banda mais esperada da noite, não só pelo facto de terem uma grande legião de fãs em Portugal mas também por ser o único na Europa neste Verão. A banda trouxe consigo um alinhamento maioritariamente dedicado ao álbum de estreia “Sixteen Stone”, para além de temas icónicos como “The Chemical Between Us” (cantada juntamente com o público), “Swallowed” ou “This Is War”, bem como uma cover para “Come Together” dos Beatles; Gary não se cansava de agradecer ao público pelo ambiente e calorosa receção, retribuindo com uma ida para o meio deste cantar “The Sound Of Winter”. Grande concerto revivalista que fez as delícias dos presentes, encerrando o primeiro dia do evento em alta.

Após um ligeiro atraso devido à transmissão do jogo da final da Taça de Portugal, os Barcelenses Glockenwise apresentaram-se ao (agora em menor número, muitos preferiram continuar a ver o jogo no palco secundário) público para mostrarem o seu mais recente “Plástico”. Este novo registo mostra um novo caminho da banda em termos sonoros, um rock/pop mais alternativo agora totalmente cantado em Português. Dentro da mesma linha pop subiram ao palco os Capitão Fausto com claro destaque para o seu novo álbum “A Invenção do Dia Claro”. Ainda assim, e para gáudio dos imensos fãs da banda presentes, foram ouvidos temas mais antigos como “Amanhã Estou Melhor” ou “Teresa”. Neste segundo dia do festival deu logo para perceber que público presente era maioritariamente jovem, por isso não foi de admirar que a maior explosão de alegria fosse para a entrada dos Bastille. Desde que Dan Smith pisou o palco bastava olhar para a primeira linha do público para se perceber a alegria estampada nos rostos. Ele mostrou-se enérgico durante todo o concerto, sempre de um lado para o outro; à semelhança das bandas do dia anterior também Dan se embrenhou pelo meio do público para cantar “Joy”. Todo este êxtase e alegria provocado pelos Bastille serviu como espécie de antecâmara para o concerto de Franz Ferdinand. O quinteto de Glasgow liderado por um Alex Kapranos vestido a rigor cedo começou a agarrar o público com temas como “The Dark of the Matinée”, “No You Girls” ou “Black Tuesday”. Para o espetáculo contribuiu também a projeção atrás da banda deles próprios, produção habitual desde o lançamento do último trabalho “Always Ascending”. Para além de temas mais icónicos da banda, Alex tocou ainda um tema inédito “Black Tuesday” que dedicou ao público presente, acabando depois o concerto como é usual com “This Fire”, encerrando o palco principal da melhor maneira.

Palco Secundário

A distinção entre palcos é feita pelo nome das bandas que o frequentam mas muitas vezes peca por não ser o reflexo real das atuações. Ao longo dos 2 dias passaram por este palco bandas em ascensão, outras já com algum percurso musical mas menos conhecidas do público em geral. A ideia com que ficamos é que muitas delas poderiam ter mesmo atuado no palco principal quiçá por troca de outras… Por ordem de atuação foram estas as bandas:

. Murmur - projecto musical de Alexandre Cortez e Filipe Valentim (ex Rádio Macau) que tem como vocalista a actriz Sandra Celas; sonoridade pop/rock misturada com elementos jazz e electrónica.
. Skills and The Bunny Crew - projecto fusão de rap/metal/rock que gostei particularmente, com uma atuação segura e apelativa. Um projecto a ter em atenção e para rever logo que possível.
. Stone Dead - de Alcobaça veio a irreverência do punk misturada com o Brit pop/rock; o som estava um pouco alto (João Branco bem avisou quando entrou em palco) mas deu para perceber que este quarteto tem rock n´roll nas veias.
. Cave Story - achei curioso apresentarem-se como “banda rock profissional”... este concerto marcou o regresso da banda aos palcos, agora para mostrarem o seu mais recente “Punk Academics”.

Para além destes 2 palcos havia 1 terceiro mais voltado para jam sessions. Algumas vezes que passei por lá escutava algumas versões de músicas conhecidas; se por um lado isso ia animando o público por outro penso que não se aproveitou bem o espaço. Por ex., basta verem o que foi feito na última edição do Laurus Nobilis Music Fest onde atuaram jovens bandas que viram o seu nome ser mais falado após essa presença. O que poderia ser uma montra para jovens valores acabou por ser um palco de entretenimento… uma situação, a meu ver, a ponderar. Fechando a reportagem musical, havia também um espaço lounge (Palco Sunset) com DJ permanente; após o término dos concertos, a animação continuou noite dentro com os DJ’s Rich & Mendes (já tinham estado lá o ano passado), DJ Kitten e DJ Moullinex.

Áreas de lazer

Para além do já referido espaço lounge havia uma tenda para tattoos, local para prova de vinhos, tendas de patrocínios, 2 zonas de alimentação com uma oferta variada, passeios de barco no Douro, entre outras.

Apreciação Final

Foram notórias algumas alterações positivas da anterior edição para esta:

. Entrada para imprensa demarcada do público geral e convidados, evitando grandes ajuntamentos e consequente confusão.
. Pagamento em dinheiro ao invés do sistema de senhas que tantas dores de cabeça deu no primeiro da passada edição.
. Zona dos WC deslocalizada para as traseiras do edifício (não utilizei por isso não posso aferir do estado dos mesmos), o que evitou grandes concentrações de público em zonas de passagem, facilitando a fluidez.

Como ponto menos, a confusão criada no primeiro dia com a imprensa, nomeadamente os fotógrafos, que foram deixados um pouco “ao abandono”. Isto foi corrigido no segundo dia em que tudo correu muito bem, contudo são situações a evitar de futuro.

Á terceira edição o NMF cimenta a sua posição de festival generalista com forte pendor para o rock/pop/electrónica, num local com boas condições e de fácil acessibilidade a visitantes estrangeiros. Aliás, este ano foi notório o número de fãs estrangeiros que se deslocaram ao recinto, o que mostra que a bússola do North já aparece nos roteiros festivaleiros. Resta-nos apenas agradecer à Vibes & Beats pela oportunidade que nos deu para estarmos presentes, Joana Cardoso e Bruno Malveira. Até para o ano!

Mais fotos aqui.

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Last weekend took place the third (second at Alfandega do Porto building) edition of North Music Fest (NMF). This year’s edition brought some changes from where I highlight the second stage in which some interesting sonorities took place.

Main Stage

The event started at the sound of Expensive Soul hip-hop/soul. The band is celebrating their 20th anniversary and took this opportunity of “home advantage” in the presence of a huge number of fans to show a bit of what’s been the band’s journey. Songs such as “O Amor é Mágico” or “Dou-te Nada” weren’t lacking, along with some newer ones such as “Amar é Que é Preciso”; there were still time for the fans to listen to new songs. From the Balkans came Emir Kusturica and The No Smoking Orchestra gypsy Punk which nearly 2 years after their presence in Portugal, brought to Porto’s audience songs taken from Kusturica movies soundtracks (and not only). With Pink Panther Show setting the pauses between songs, Kusturica showed liveliness despite his 64 years old, also doing a tour among the crowd in one of his songs. British Bush were the most expected band of the evening, not only due to the fact that they have a great number of fans in Portugal but also because this would be the only show in Europe this Summer. The band brought a set-list mainly dedicated to the debut album “Sixteen Stone”, besides some iconic songs such as “The Chemical Between Us” (sang along with the crowd), “Swallowed” or “This Is War”, as well as a cover for Beatles“Come Together”; Gary wouldn’t stop thinking everyone for the ambiance and warm welcoming, repaying it by going into the crowd to sing with them “The Sound Of Winter”. Great revival concert that was delightful for all the ones attending, ending high this first day.

After a slight delay due to Portuguese Cup Final broadcast, Barcelos based band Glockenwise presented to the audience (now fewer, many preferred to keep watching the game in Second Stage) to show their most recent “Plástico”. This new record shows a new path for the band regarding sonority, a more alternative pop/rock now fully sang in Portuguese. Within the same pop line Capitão Fausto rose upon stage with clear highlight for the newest album “A Invenção do Dia Claro”. Still, and for the delight oh the many fans attending, older songs such as “Amanhã Estou Melhor” or “Teresa” could be heard. In this second day of the festival we could see that the majority of the public was young so it was with no surprise that the biggest explosion of joy was to Bastille. Since Dan Smith stepped on stage you just needed to look at the faces on the first row to perceive the joy in them. He was very energetic the entire concert, always from one place to another; like the bands from the first day also Dan got in the middle of the crowd to sing “Joy”. All this ecstasy and joy induced by Bastille acted as some sort of pre chamber for Franz Ferdinand’s concert. The Glasgow quintet led by Alex Kapranos dressed up start grabbing the crowd with songs such as “The Dark of the Matinée”, “No You Girls” or “Black Tuesday”. For the show was also important the projection behind the band of themselves, usual production since the release of the latest “Always Ascending”. Besides the band’s iconic themes, Alex also played an unheard-of “Black Tuesday” that he dedicated to the audience attending, ending the concert afterwards as usual with “This Fire”, closing the main stage high.

Second Stage

The difference between stages is made by the name of the bands playing in each but sometimes fails by not giving real echo of the gigs. Throughout the 2 days in this stage played bands in upward, others with a by now considerable musical path but somewhat less known by the audience in general. The idea we get was that some of them could have played in the main stage, who knows in exchange of some who played there… By order of appearance this were the bands:

. Murmur - Alexandre Cortez and Filipe Valentim (ex Rádio Macau) musical project whose vocals are in charge of actress Sandra Celas; pop/rock sonority mixed with jazz and electronics.
. Skills and The Bunny Crew - rap/metal/rock fusion project which I particularly enjoyed a lot, with a firm and appealing act. A project to be taken into consideration and to see again as soon as possible.
. Stone Dead - from Alcobaça came punk’s irreverence mixed with Brit pop/rock; the sound was way too loud (João Branco warned about it as soon as he entered on stage) nevertheless it was possible to perceive that this quartet has rock n’ roll in their veins.
. Cave Story - felt curious that they presented themselves as “professional rock band”... this concert larked the band’s return to stages, now to present their most recent “Punk Academics”.

Besides this 2 sages there was a third one more into jam session. Sometimes I passed by it I listened versions of some known musics; if for one hand that was entertaining the audience on the other I think the space wasn’t well exploited. For instance, just see what was made at Laurus Nobilis Music Fest past edition where young bands played and saw their names being spoken of more after that experience. What could have been a showroom for young values ended up being an entertainment stage… in my opinion, a situation to be taken into consideration. Ending the musical report, there was also a lounge space (Sunset Stage) with resident DJ; after the end of the concerts the party continued all night long with DJ’s Rich & Mendes (who have also attended last NMF edition), DJ Kitten and DJ Moullinex.

Leisure Areas

Besides the above mentioned lounge space there was also a tattoos tent, wine tasting area, sponsors tents, 2 food courts with diverse offer, boat trips in Douro river, among others.

Final Thoughts

There were noticeable some positive changes from the previous to this year’s edition:

. Press entrance apart from the main public and guests, thus avoiding gatherings and consequent confusion.
. Payment in cash instead of the ticket system used last year on the first day, which provoked so many headaches.
. WC area moved to the back of the building (didn’t use them so can’t assess their state), which prevented enormous crowd concentrations in passage areas, making it to flow with ease.

As minus point, the confusion created on the first day with the press, mainly photographers, which were somewhat “abandoned”. This was corrected on the second day and everything went perfectly afterwards, yet these are situations to avoid in the future.

At third edition NMF stands as a generalist festival strongly driven to rock/pop/electronics, in a venue with good conditions and easy access to foreign visitors. In fact, this year was noticeable the greater number of foreign fans that headed the venue which proves that North’s compass already appears in festival routs. We just wish to thank Vibes & Beats for the given opportunity to attend the festival, Joana Cardoso and Bruno Malveira. Until next year!

More photos here.

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