Anywhereoutoftheworld é o projeto do Portuense Alberto Bessa cuja materialização em trabalho de estreia homónimo se deu no final do ano passado. Decidi trocar algumas palavras com ele para tentarmos saber mais sobre este projecto, o seu mentor e as suas ambições musicais.
Davi: Olá Alberto, obrigado por teres aceitado esta entrevista.
Alberto: O prazer é todo meu.
D: Vamos começar por conhecer um pouco o mentor deste projecto. Disseste uma vez que não te revês como músico; este trabalho é apenas a tua catarse musical ou a tua ágora de debate sobre a música?
A: Dedico a este projecto o pouco tempo que tenho disponível, que por ser escasso não me legitima a pretensão de me rever na qualidade de musico. No que respeita à forma como se posiciona, e para responder à vossa questão, é definitivamente catarse, e sempre o foi. É suposto provocar algo. Todas as formas de arte se posicionam assim. Como ágora de debate sobre a música? Não, não pretende tanto.
D: Onde se encaixa este teu trabalho? É parte de uma lista pessoal de “a fazer” ou pretendes que tenha um maior impacto na cena?
A: Encaixa-se mais como algo daquilo que sou. Uma extensão possível do que tenho para dizer. É uma forma de processar, de destilar o que não compreendo. Procurar consistência onde há só distorção, informidade. O caos gera formas sedutoras, já dizia alguém. Pode ser visto assim. Procura de beleza onde já quase não existe.
D: Qual a tua opinião do panorama musical nacional? Não apenas da música alternativa mas de uma forma mais abrangente.
A: No que respeita à minha opinião acerca do panorama musical nacional, penso existir apenas uma estrutura ou industria formatada e direcionada para as massas. O que não faz parte delas não pertence aí, logo quero estar intencionalmente excluído desse território. Faço questão nisso.
D: No seguimento dessa tua resposta, como analisas a receptividade do teu trabalho, seja ao nível da imprensa ou do público?
A: O que faço consiste apenas numa necessidade individual, e estará sempre subordinado a uma estética sonora underground pelo que, conceptualmente, dificilmente conseguirá grande registo mediático ou visibilidade. Desta forma, fora do circuito a que se destina, não crio grandes expectativas no que respeita ao que possa ser o acolhimento por parte da imprensa ou público.
D: Perspectivas a curto prazo? Já há datas preparadas para apresentares o teu trabalho? Vais-te focar mais na promoção ou pretendes seguir já para novas composições?
A: O meu foco reside na continuidade criativa, pois é aí onde posso acrescentar algo. A promoção, ou a necessidade dela, não me inquieta neste momento. Acho que o meu trabalho deve sustentar-se pelo que é, e não suportado por acções de promoção ou marketing de terceiros.
D: Alberto, mais uma vez obrigado pela tua disponibilidade para esta entrevista. Esta última “questão” é aberta, deixa a tua mensagem para quem nos lê.
A: Importa separar a obra do autor. Não me é relevante ver o meu nome associado a Anywhereoutoftheworld. A obra resulta da minha tentativa de decifrar o que se não compreende. O autor é só o meio que o permite. A minha visão não importa. Se tenho algo para dar é o que produzo, da mesma maneira que se algo tiver que perdurar será a minha música. É isso que eu quero que ela seja, mais que eu.
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Anywhereoutoftheworld is Oporto natural Alberto Bessa’s project whose embodiment in a homonymous debut release took place late last year. I’ve decided to exchange some words with him so we could know more about this project, its mentor and his musical ambitions.
Davi: Hi Alberto, thank for accepting to give this interview.
Alberto: The pleasure is all mine.
D: Let’s start by knowing a little more about this project mentor. You said once that you don’t see yourself as a musician; is this work your musical catharsis or your musical ágora?
A: I dedicate all my available time to this project which due to being scarce doesn’t give me the right to call myself a musician. Regarding the way it places itself and to respond your question, it’s definitely a catharsis, has it always has been. It’s supposed to ignite something. All forms of art position themselves like that. Has an àgora for musical debate? No, it’s not intended to act that way.
D: Where does this work of yours fits? Its part of a “to do list” or you wish it has a bigger impact on the scene?
A: It fits more as part as what I am. A possible extension for what I have to tell. It’s a way of processing, distilling what I don’t understand. I seek consistency where there’s only distortion, lack of formality. Chaos generates seductive forms, someone used to say. It can be seen like that. Seek for beauty where almost no longer exists.
D: What’s your opinion of the national musical scene? Not only alternative music but in a wider perspective.
A: In my opinion I do believe there’s only one structure or industry formatted and focused only for the masses. What doesn’t fit there doesn’t belong there; therefore I want to be intentionally left out that territory. I demand so.
D: Following that last answer, how do you analyze your work’s acceptance, whether by press or the public?
A: What I do consist only in a personal need and will always be tied to an underground sonorous aesthetics, wherefore will hardly manage to achieve highly newsworthy record or visibility. Therefore, out of the circuit it’s meant to, I don’t create high expectation regarding of what should be called press or public acceptance.
D: Short term perspectives? Are there already dates booked for you to present your work? Will you focus more on the promotion or is your intention to start composing new songs?
A: My focus lies on creative continuity because there’s where I can add something new. Promotion, or the need of it, doesn’t worries me for now. I think my work must endure for what it is and not be supported by campaigns or third party marketing.
D: Alberto, once again thank you for your availability to do this interview. This last “question” is free; leave your message for our readers.
A: It matters to separate the work from its creator. It’s not relevant to me to see my name associated to Anywhereoutoftheworld. The work is a result of my attempt to decipher the not understandable. The author is only the mean to do it. My vision is not important. If I have something to give that’s what I produce, the same way if something as to endure that’s my music. That’s what I want her to be, more than me.
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